Os Corais e a Educação Não Formal

Por educação não formal entende-se a modalidade educativa que "embora obedeça também a uma estrutura e a uma organização (distintas, porém, das escolas) e possa levar a uma certificação (mesmo que não seja essa a finalidade), diverge da educação formal [aquela proporcionada pelas escolas] no que respeita à não fixação de tempos e locais e à flexibilidade na adaptação dos conteúdos de aprendizagem a cada grupo"(AFONSO, 1989, p. 78).

Em outras palavras, a educação não formal tem a flexibilidade como uma de suas peculiaridades e leva em conta os interesses e a espontaneidade dos educandos. Trata-se de um conceito ainda recente no Brasil e seu nome começou a aparecer em publicações no início da década de 2000.
O canto coral tem como características:

1 - A espontaneidade dos participantes em integrar o grupo;
2 - A transmissão de conhecimentos de diversas naturezas (musicais por excelência, mas também históricos, geográficos, linguísticos...);
3 - O caminhar do grupo depende do rendimento e envolvimento de seus integrantes, sem tempos fixados e conteúdos obrigatórios;
4 - Considera os interesses do grupo social que o integra.

É por essas razões que existem coros com diferentes características, pois são as motivações e objetivos de seus integrantes que irão lhes conferir diferentes perfis. Assim, há coros formados por crianças, por jovens e adultos, por idosos, por grupos étnicos, por grupos religiosos ou então associados a centros comunitários, escolas, clubes ou empresas. Dependendo de seu perfil, cada coro irá desenvolver determinado tipo de repertório e terá um tempo peculiar de desenvolvimento, de acordo com os objetivos propostos e com as características de seus integrantes. De qualquer forma, tal como acontece normalmente nos demais processos de educação não formal, paralelamente os integrantes costumam desenvolver laços de amizade e afinidades mútuas. Assim, à medida que um determinado conjunto coral amadurece e se afirma, seus componentes acabam por possuir laços afetivos com o grupo e orgulho por dele pertencer. Outras aquisições costumam ainda surgir: os cantores desenvolvem uma auto estima melhor e aprendem as virtudes do trabalho comunitário, pois trata-se de uma forma musical que depende da interação entre as pessoas, bem como da responsabilidade individual visando o bem coletivo. Por se tratar de grupos onde cada integrante carrega sua própria história, suas peculiaridades e idiossincrasias, é necessário que se desenvolva a capacidade de conviver com as diferenças e saber aprender com elas. Pode-se dizer sem medo que o canto coral é um exercício de cidadania e tolerância mútua.

Por essas e outras razões é que vale à pena fazer a experiência de se cantar num coral.

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